Sempre vivi na aldeia e nunca ansiei muito viver na cidade. Estudei 2 anos em Lisboa e tive imensas dificuldades em adaptar-me. Acabei por desistir e fazer o ensino universitário numa cidade mais pequena, Santarém.
Na verdade, a calma que se vive na aldeia e nas pequenas cidades sempre me agradou, mas era só e apenas isso. Na aldeia, as minhas avós tinham a sua horta. Nas estações quentes haviam laranjas, maçãs, pêssegos e figos que caiam das árvores. Não era coisa pela qual morresse de amores.
Apreciava sim, em criança, andar livremente de bicicleta, correr no meio dos pinhais ou subir ás árvores. Numa altura em que não haviam medos nem restrições, não haviam também limites de espaço para brincar. Tive uma infância muito feliz.
Em 2012 fui viver para Londres. Contrariamente a todas as expectativas apaixonei-me pela cidade. Londres é uma cidade com uma culturalidade incrível e mesmo a azáfama própria de uma cidade com 10 milhões de habitantes dá-lhe uma magia especial.
Quanto mais tempo passo em Londres, mais fascínio sinto por esta cidade.
Ao mesmo tempo que me apaixonei por Londres, apaixonei-me também pela vida na aldeia. Aprecio cada vez mais a calma, o silêncio, o chilrear dos pássaros, os legumes biológicos da horta da minha sogra ou a fruta somarenta das árvores. Como figos, uvas e pêssegos como nunca comi e vejo-me a trabalhar a partir de uma qualquer divisão da casa de campo, apenas com internet para me ligar ao mundo. Começei a dar valor à qualidade de vida do campo e é lá que tenho que inspiro a calma e tomo as decisões mais importantes da minha vida.
Sempre que viajo para Portugal de férias, desligo a ficha da minha vida inglesa, relaxo e usufruo da vida encantadora do campo.
Um dia vou superar-me e viver definitivamente no campo.
créditos da imagem @CL